Pregar toda verdade! A desafiadora missão dos pastores fiéis.
- Crer & Ser
- 7 de mar. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 13 de mar. de 2019
“Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos…” (At 20:28).
Nestes dias de mornidão espiritual em que sobram “declarações proféticas” e que no fim os declarantes são consortes de uma vida cada vez mais mundana; onde a gravidade do pecado é atenuada por ministrações de autoajuda, incentivando o contumaz transgressor da Palavra a buscar superação ao invés de arrependimento; perguntamos: “O que ainda falta para despertarmos desse pesadelo paradoxal e saímos dessa berlinda de vitupérios e motejos, sendo nós o povo de Deus?”
Neste tempo de escassez do amor e de aridez cristã em que unções à base de azeite descem sobre tantas cabeças, serpenteando em rostos ávidos por novidades; em que os montes estão cheios de profetas entregando revelações personalizadas à gente que não encontra mais respostas dentro de suas próprias igrejas – parece até que a “igreja” perdeu seu centro, razão e capacidade de conduzir vidas ao Reino de Deus. Frente a tudo isso, os verdadeiros profetas tem se calado ou como nos dias de Elias estão escondidos em cavernas (1 Re 18:13) para não serem trucidados por milhões de evangélicos que não aceitam receber um “não” como resposta aos seus mais infantis e reprováveis desejos (2 Tm 4:3-4); e assim, os homens de Deus, tolhidos para proclamar a real mensagem do Senhor a uma geração perdida em seu próprio convencimento e razão; se calam!
“Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus” (Tg 4:4).
A maneira dessa nova geração de crentes e obreiros ver a vida é literalmente assimilativa ao mundo. Práticas e propostas que no passado eram impensáveis de se ver dentro do redil cristão; agora, na tal pós-modernidade é tudo relativo e aceitável: o pornô para crentes (acreditem já tem até isso), o sexy shop só para os irmãos, o cartão de crédito gospel, a viagem a Israel (uma grande fonte de lucro), o boteco gospel - pois agora é tudo “gospel”! As chocarrices agregam rodas de interesse entre nossa juventude; o consumo de bebida alcoólica é permitida desde que não haja embriaguez; adultério e fornicação são entendidos apenas como uma questão de senso cultural – e quando praticados, o importante é a complacência e não a disciplina (1 Tm 5:20).
Essa “nova consciência” é também avessa à autêntica vida cristã, pois fizeram da roda dos escarnecedores (Sl 1:1) a “mesa de Jesus” com os pecadores; a condenação do pecado tornou-se legalismo; a ortodoxia recebe o estigma de ser retrógrada e o vestuário decente é tratado como cafonice ou falsa moralidade. O local consagrado a adoração a Deus foi adaptado em arena de MMA; apresentação de blocos de carnaval também “gospel, o templo adequado em espaço para exibição de jogos de futebol, e tudo em nome de uma sintaxe evangelística – afinal, estão se fazendo de pecadores para ganhar os pecadores. Essa é a desculpa mais esfarrapada para aproximar-se da zona do pecado - é o argumento mais descabido para tentar justificar práticas de comunidades ditas evangélicas cada vez mais mundanas e insípidas.
“Não havendo profecia, o povo perece; porém o que guarda a lei, esse é bem-aventurado” (Pv 29:18).
É perceptível que a noção de avivamento que pregam por aí é anômala a da Bíblia (Sl 119:25), pois transformaram reuniões de adoração em espetáculos, pregações em shows e congressos em apresentações humorísticas. Vários cantores evangélicos ascenderam a astros com seus “hinos” que mais exaltam o homem que a Deus; muitos pastores se fizeram em gurus de uma “nova ortodoxia” que aceita outras filosofias e ideologias como verdades equivalentes às Escrituras. O Senhor Deus perdeu em muitos ajuntamentos o seu lugar e soberania no culto, pois são tantos anjos ministrando entre os homens que falta lugar para o próprio Deus.
Infelizmente há intenções comerciais por trás da maioria dos grandes nomes da homília e da música gospel que tanto ouvimos e aplaudimos; seus produtos vendem muito e são caros; suas “ofertas” são gordas; as exigências financeiras são altas para que as pessoas recebam ministrações mirabolantes dos “profetas do século” em camarotes vips. Vendem a promessa de que para obtê-los é necessário adquirir ingressos para as concentrações, campanhas, correntes, objetos e tudo o que se puder comercializar, pois com esses “homens de Deus” do século XXI nada é de graça.
Atravessamos uma crise de identidade pela ausência de fundamentos bíblicos que delineiam o caráter e missão da igreja; por falta de padrão bíblico estabeleceu-se uma diversidade religiosa que desfigurou o perfil cristão; pelo distanciamento da Palavra de Deus e do Deus da Palavra nossos valores foram pervertidos e o cristianismo esfacelado produziu grupos periféricos com verdades e comportamentos locais – de modo que em tal lugar uma coisa é “pecado” e noutro não é – esse cristianismo confuso está perdido!
“Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina” (2 Tm 4:2).
Amados pastores, Deus não mudou, sua palavra não foi invalidada e o pecado continua pecado! Se vocês não nos comunicarem por meio de exemplos e palavras todo o conselho de Deus (At 20:27), em pouco tempo seremos uma igreja evangélica ainda mais deturpada. Sobram-nos maus exemplos e faltam-nos obreiros do Senhor, homens que não estão preocupados somente com sua prebenda mensal (1 Pe 5:2) ou com o crescimento a qualquer custo da membresia de suas igrejas (Ap 3:8; 1 Tm 3:15); santos de Deus que condenam o pecado e nos mostram o caminho da virtude através de suas sinceras obras (Tt 2); ministros conscientes de seu papel diante de uma congregação de vidas que não tem compromisso de comunicar o que os agrada, mas o que Deus diz que precisam (1 Tm 5). Mestres cuja fonte do saber é a Palavra de Deus e que sob a direção do Espírito Santo desenvolvem uma teologia prática capaz de influenciar os demais a desejarem a mesma graça (1 Co 11:1).
Minha oração e desejo é que você estimado pastor ou líder seja consciente da gloriosa missão que recebeu do Senhor e continue a pregar o evangelho completo de renúncia, santidade, livramento, prosperidade, contentamento, vitória, tribulação, cura, enfermidade, céu, inferno, arrependimento e principalmente, a salvação em Cristo Jesus.
Autor: Silvio Costa
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